Prevenção ! Esportes!

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O esporte e a prevenção as drogas!

UMA PODEROSA ALIANÇA


Por Patrícia Osandón

“A temática sobre drogas deve ser discutida, ainda mais agora com o crack fazendo mal a tanta gente. Vejo o esporte como um dos meios mais rápidos na ajuda para quem usa ou usou drogas. Sempre ouvimos muitos casos de um cara que era um talento incrível no esporte e acabou se desviando para o mundo das drogas, estragando uma possível carreira de sucesso”, afirma Júnior dos Santos Almeida, atleta do MMA mais conhecido como Junior “Cigano”.

Catarinense de nascimento, mas baiano de coração, Cigano é uma das estrelas do programa Pacto pela Vida, realizado por várias instituições do governo da Bahia. O objetivo do programa é contribuir para a redução dos índices de violência na região, com foco na diminuição dos crimes contra a vida e o patrimônio. Uma das frentes de trabalho mais fortes do programa é o enfrentamento ao crack e outras drogas, com ampliação da rede de Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS-AD), prevenção e desintoxicação de pacientes, além de ações integradas nas áreas de esportes, trabalho e educação.
esporte_contra_as_drogas_joanacoccarelli_materia_660_01Hábitos saudáveis que começam na infância

Para o médico Rogerio Morihisa, a inserção de hábitos saudáveis de vida desde a infância é uma das maneiras de se prevenir o uso de drogas na adolescência e vida adulta. “A prática esportiva, sendo um dos muitos hábitos saudáveis que o ser humano pode adotar, funcionará como um fator de proteção contra o uso de álcool e outras drogas. É claro que ela sozinha não evitará que o jovem se envolva com drogas. Por isso, aliado ao esporte, eu recomendo o fornecimento de informações, de modo imparcial e científico, sobre os efeitos das drogas, com a capacitação dos treinadores/professores, a oferta de desafios e realizações, pois as práticas esportivas proporcionam isso e a participação dos pais ou cuidadores nesse processo”.

Médico pela Faculdade de Medicina de Marília e mestre em psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP), Rogerio Morihisa é especialista quando o assunto é prevenção e uso de drogas, além de desenvolver projetos de prevenção ao uso de drogas e de tratamento para transtornos por uso de substâncias psicoativas. Rogerio acrescenta que a família é imprescindível tanto na prevenção ao uso de álcool e outras drogas como no tratamento das dependências. “Na prevenção, é importante que a família promova um vínculo adequado com os filhos, tenha hábitos saudáveis de vida, dê todo o apoio possível aos filhos, mas sempre estabelecendo os limites necessários, e promova atividades conjuntas, como almoçar ou jantar, sair, praticar esportes e lazer”, explica (clique e confira entrevista completa com o especialista).
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flavio_canto_instituto_reacao_e_clodoaldo_silva_divulgacao_556Clodoaldo Silva e Flávio Canto: atletas engajados

Conscientes da importância do esporte para a prevenção e combate às drogas, atletas de destaque vêm desenvolvendo ações em variadas regiões do país, que atingem a temática das drogas transversalmente. Entre as ações de destaque estão o Instituto Reação, liderado pelo judoca Flávio Canto, que realiza projetos esportivos e educacionais com crianças e adolescentes do Rio de Janeiro (RJ) em situação de vulnerabilidade social, e o nadador paralímpico Clodoaldo Silva, responsável pelo Instituto Clodoaldo Silva. 

“Quando voltei dos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004, surgiu uma oportunidade de realizar palestras e ser parceiro de projetos sociais. Com essas experiências, passei a ver muitas crianças e adolescentes sem nenhuma esperança e seguindo para um caminho que não era legal. Percebi que quando contava minha história e mostrava minhas medalhas, o semblante deles mudava. Por um momento, eles tinham esperança e viam um futuro diferente e possível. A partir dali, percebi que eu tinha o dom de dar esperança a essas pessoas”, explica Clodoaldo.

O foco do Instituto é em crianças com e sem deficiência, em situação de vulnerabilidade social. “Procuro buscar a inclusão social por meio da união de pessoas com deficiência e sem deficiência, para mostrar que a convivência e a aceitação também fazem parte da vida no esporte. O maior objetivo do instituto é criar cidadãos para o mundo, criar atletas que sejam campeões na vida, com noções de cidadania e respeito”, acrescenta.

Contribuição do esporte para uma vida sem drogas

A opinião sobre a importância do esporte para a prevenção e combate às drogas é reforçada pelo ex-nadador olímpico David Castro, que, em entrevista ao Portal Memória Olímpica (clique para ler a entrevista), reforça a importância do papel dos atletas para alertar a sociedade sobre o combate e prevenção às drogas, especialmente as crianças. “Um ex-atleta pode contribuir em prol dos que estão começando agora. A importância de continuar trabalhando com esporte não está somente em ser dirigente ou técnico, mas em contribuir com a sociedade em algum sentido: tirar crianças das ruas, das drogas, levá-las para uma atividade mais lúdica e compartilhar experiências... Mas isso só acontece após muito esforço desses atletas”, explica. 

Em Brasília, um trabalho de destaque é o programa Viva a Vida Sem Drogas, uma ação integrada de vários órgãos governamentais do Distrito Federal, envolvendo diversos campos, como saúde, educação, cultura e esportes. A ex-atleta Ricarda Raquel Barbosa Lima, integrante da Comissão Gestora dos Centros Olímpicos da Secretaria de Estado de Esporte do Distrito Federal, explica que um dos objetivos do Viva a Vida sem Drogas é contribuir para o desenvolvimento humano, integrando ações esportivas, culturais e sociais.

ricarda_lima_arquivo_pessoal_237“Essa é justamente a função do esporte. O intuito é atender não apenas as crianças e adolescentes, mas também a família. No contexto das ações realizadas, realizamos reuniões e trocas de experiências com a família. Buscamos municiar também os professores de educação física, para que transversalizem a discussão sobre drogas no esporte, para que as crianças e adolescentes aprendam a viver sem drogas, e que entendam a importância do esporte”, conta Ricarda, medalha de bronze com a equipe de vôlei brasileira, nas Olimpíadas de Sydney (2000).

Atualmente, nove centros olímpicos operam em cidades satélites do Distrito Federal, atendendo públicos de todas as idades, prioritariamente crianças e adolescentes. Para atingir as metas do programa, a Secretaria de Esporte também realiza um trabalho de conscientização da comunidade sobre a prevenção e o combate às drogas com a entidade Força Jovem Brasil, por meio do projeto “Dose mais Forte”.

“Como ex-atleta, sei o quanto o contribui para o desenvolvimento humano. Trata-se da formação de consciência de esporte protagonismo, e de que no meio do esporte as crianças e adolescentes se colocam em situações e desafios, aprendem a perder e a ganhar, além dos valores olímpicos. Também entendem o que é a amizade, como se forma um time, o respeito e a compreensão de regras, melhoram a convivência com a família, e, compreendem sobre regras. Não tem como falar de educação e prevenção às drogas sem o esporte junto. O esporte ensina a lidar também com a frustração e traz muitos impactos positivos na vida da comunidade. Para realizar um sonho é preciso se preparar e se dedicar”, acrescenta Ricarda. 

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