AIDS.
Robert
Gallo,
codescobridor do HIV no início dos anos 1980 entre (da esquerda para
a direita) Sandra Eva, Sandra Colombini e Ersell Richardson.
Nos
primeiros dias o CDC não tinha um nome oficial para a doença e
referia-se a ela por meio das condições clínicas associadas como,
por exemplo, a linfadenopatia,
chamando-a de "linfadenopatia generalizada
persistente".17 18 Eles
também usavam "Sarcoma de Kaposi e infecções oportunistas",
nome pelo qual uma força-tarefa foi criada em 1981.19 Em
determinado momento, o CDC cunhou a frase "a doença dos 4 H's",
uma vez que a síndrome parecia
afetar haitianos, homossexuais, hemofílicose
usuários de heroína.20 Na
imprensa geral, o termo "GRID", de gay-related
immune deficiency (em português: deficiência
imunológica relacionada aos gays -
tradução livre), tinha sido inventado.21 No
entanto, depois de determinar que a AIDS não estava restrita à
comunidade homossexual,19 percebeu-se
que o termo GRID estava errado e a sigla AIDS, de acquired
immunodeficiency syndrome (em
português: síndrome da imunodeficiência adquirida, SIDA), foi
introduzida em uma reunião em julho de 1982.22 Em
setembro daquele mesmo ano, o CDC começou a se referir à doença
como AIDS.23
Em
1983, dois grupos de pesquisa independentes liderados por Robert
Gallo e Luc
Montagnier declararam
que um novoretrovírus poderia
ter infectado os pacientes com AIDS e publicaram suas descobertas na
mesma edição da revistaScience.24 25 Gallo
afirmou que o vírus que seu grupo de pesquisa isolou de um paciente
com AIDS tinha uma forma muito semelhante a de outros vírus
T-linfotrópicos, que sua equipe tinha sido a primeira a isolar. O
grupo de Gallo chamou o vírus recém isolado de HTLV-III. Ao mesmo
tempo, o grupo de Montagnier isolou um vírus a partir de um paciente
que apresentava inchaço dos nódulos
linfáticos do
pescoço e fraqueza física, dois sintomas característicos da AIDS.
Contradizendo o relatório do grupo de Gallo, Montagnier e seus
colegas mostraram que as proteínas do
núcleo do vírus eram imunologicamente diferentes das do HTLV-I.
O grupo de Montagnier chamou o vírus que isolaram
de lymphadenopathy-associated
virus,
LAV (em português: "vírus associado à
linfadenopatia").16 Quando,
em 1986, descobriu-se que estes dois vírus eram o mesmo, LAV e
HTLV-III foram renomeados para HIV, sigla em inglês de vírus
da imunodeficiência humana.26
Origem
Acredita-se
que os vírus HIV-1 e HIV-2 tenham se originado em primatas no
centro-oeste africano e
foram transferidos para os seres
humanos no
início do século XX.6 O
HIV-1 parece ter se originado no sul de Camarões através
da evolução do SIV (cpz), o vírus
da imunodeficiência símia (SIV),
que infecta os chimpanzés selvagens
(o HIV-1 descende do SIVcpz endêmico nas subespécies de
chimpanzés Pan
troglodytes troglodytes).27 28 O
parente mais próximo do HIV-2 é o SIV (smm), um vírus
do Cercocebus
atys atys,
um macaco
do Velho Mundo que
vive no litoral da África
Ocidental (do
sul do Senegal ao
oeste daCosta
do Marfim).29 Os macacos
do Novo Mundo,
como o macaco-da-noite,
são resistentes à infecção pelo HIV-1, possivelmente devido a uma
fusão genômica de dois genes com
resistência viral.30 Acredita-se
que o HIV-1 tenha ultrapassado a barreira das espécies pelo menos em
três ocasiões diferentes, dando origem a três grupos de vírus (M,
N e O).31
Da
esquerda para a direita: Chlorocebus,
a fonte do SIV; Cercocebus
atys,
a fonte doHIV-2 e
um chimpanzé,
a fonte do HIV-1
Há
evidência de que humanos que participavam de atividades com animais
selvagens, como caçadores ou
vendedores de animais silvestres, se infectaram com o SIV.32 No
entanto, o SIV é um vírus fraco que, normalmente, é suprimido pelo
sistema imunológico humano dentro de poucas semanas após a
infecção. Acredita-se que várias transmissões de pessoa para
pessoa desse vírus em rápida sucessão são necessárias para
dar-lhe tempo suficiente para se transformar no HIV.
Além disso, devido a sua taxa de transmissão pessoa-a-pessoa
relativamente baixa, o SIV só pode se espalhar por toda a população
na presença de um ou mais canais de transmissão de alto risco, que
eram ausentes na África antes do século XX.33
Os
canais de transmissão de alto risco específicos, que permitiram que
o vírus se adaptasse aos seres humanos e se espalhasse por toda a
sociedade, dependem do calendário proposto para a travessia de
animais para humanos. Estudos genéticos do vírus sugerem que o
ancestral comum mais recente do grupo M do HIV-1 remonta ao ano de
1910.34 Os
defensores dessa data ligam a epidemia do HIV ao surgimento
do colonialismo e
do crescimento das grandes cidades africanas coloniais, o que levou a
diversas mudanças sociais, como um maior grau
de promiscuidade sexual,
disseminação da prostituição e
alta frequência de casos de doenças
genitais (como
a sífilis)
nas cidades coloniais nascentes.35 Embora
as taxas de transmissão do HIV durante a relação sexual vaginal
sejam baixas em circunstâncias normais, elas são muitas vezes
aumentadas se um dos parceiros sofre de uma doença sexualmente
transmissível que cause úlceras genitais.
No início do anos 1900, as cidades coloniais eram notáveis por
sua alta prevalência de prostituição e de casos de úlceras
genitais. Em 1928, por exemplo, acredita-se que em torno de 45% das
mulheres residentes no leste de Kinshasa,
no Congo, eram prostitutas, e, em 1933, cerca de 15% de todos os
moradores da mesma cidade tinham sífilis.35
Uma
visão alternativa defende que práticas médicas inseguras
na África após
a Segunda
Guerra Mundial,
como a reutilização de seringas não esterilizadas durante
programas de vacinação em
massa, uso de antibióticos e
de campanhas de tratamento anti-malária,
foram os vetores iniciais que permitiram que o vírus se espalhasse e
se adaptasse aos seres humanos.33 36 37
O
caso mais antigo e bem documentado de HIV em humanos remonta a 1959,
na República
Democrática do Congo.38 O
vírus pode ter estado presente nos Estados Unidos desde 1966,39 mas
a grande maioria das infecções que ocorrem fora daÁfrica
subsaariana (incluindo
nos Estados Unidos) podem ser rastreadas até um único indivíduo
desconhecido que se infectou com o HIV no Haiti e,
em seguida, trouxe a infecção para os Estados Unidos por volta de
1969.40 A
epidemia se espalhou rapidamente entre os grupos de alto risco
(inicialmente em homens que faziam sexo frequente com outros homens).
Em 1978, a prevalência de HIV-1 entre homossexuais masculinos
residentes de Nova
Iorque e São
Francisco era
estimada em 5%, sugerindo que vários milhares de pessoas no país
estavam infectadas.40
Progressão e sintomas[editar | editar código-fonte]
Infecção aguda
O
período inicial após a contaminação pelo HIV é chamado de
infecção aguda ou síndrome retroviral aguda.41 43 Muitos
indivíduos desenvolvem uma doença semelhante à gripe ou
à mononucleose entre
duas e quatro semanas após a exposição ao vírus, enquanto outras
pessoas não têm sintomas significativos.44 45Os
sintomas ocorrem entre 40% e 90% dos casos e geralmente
incluem febre,inchaço
dos gânglios linfáticos,
inflamação de garganta (laringite ou faringite),
erupção cutânea, dor de cabeça e/ou feridas na boca e
genitais.43 45 A
erupção da pele, que ocorre entre 20% e 50% dos casos, apresenta-se
no tronco e é maculopapular, um tipo de exantema.46 Algumas
pessoas também desenvolvem infecções oportunistas nesta
fase.43 Sintomas
gastrointestinais como náuseas,
vômitos ou diarreia podem ocorrer, assim como sintomas neurológicos
de neuropatia
periférica ou
de síndrome
de Guillain-Barré.45 A
duração dos sintomas varia, mas geralmente persistem por uma ou
duas semanas.45
Devido
ao seu carácter não-específico, estes sintomas frequentemente não
são reconhecidos como sinais de infecção por HIV. Mesmo os casos
que são avaliados por um médico da família ou por um hospital são
muitas vezes diagnosticados como uma das muitas doenças infecciosas
comuns. Assim, recomenda-se que o HIV seja considerado em pacientes
que apresentem febre sem explicação aparente e que podem ter
fatores de risco para a contaminação.45
Latência clínica
Os
sintomas iniciais são seguidos por uma fase de latência clínica
chamada de HIV assintomático ou crônico.42 Sem
tratamento, esta segunda fase da infecção por HIV pode durar de
três anos47 a
mais de 20 anos48 (em
média, cerca de oito anos).49 Embora
geralmente não apareçam sintomas no início, perto do final desta
fase muitas pessoas sofrem com febre, perda de peso, problemas
gastrointestinais e dores musculares.42 Entre
50 e 70% das pessoas também desenvolvemlinfadenopatia generalizada
persistente, caracterizada por um inchaço inexplicado e indolor de
mais de um grupo de gânglios
linfáticos (exceto
na virilha) por um período de três a seis meses.41
Embora
a maioria dos indivíduos infectados com HIV-1 tenham
uma carga viral detectável e, na ausência de tratamento,
eventualmente acabam por desenvolver a AIDS, uma pequena percentagem
(cerca de 5%) mantêm níveis elevados de células T CD4+ (linfócito
T auxiliar)
sem terapia antirretroviral por
mais de 5 anos.45 50 Estes
indivíduos são classificados como "pacientes assintomáticos
de longo prazo".50 Outro
grupo é daqueles que mantêm uma carga viral baixa ou indetectável
sem tratamento antirretroviral, que são conhecidos como
"controladores de elite" ou "supressores de elite".
Eles são uma de cada 300 pessoas infectadas.51
Síndrome da imunodeficiência adquirida. AIDS.
Principais
sintomas da AIDS
A
síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA ou AIDS - sigla em
inglês) é definida quando a contagem de células T CD4+ está
abaixo de 200 células por μL de sangueou
pela ocorrência de doenças específicas, em associação com uma
infecção por HIV. Na ausência de tratamento específico, cerca de
metade das pessoas infectadas com HIV desenvolvem AIDS cerca de dez
anos após a contaminação. As condições iniciais mais comuns que
alertam sobre a presença de AIDS são
a pneumocistose(40%), caquexia (20%)
e candidíase esofágica.
Outros sinais comuns incluem infecções respiratórias
recorrentes.45
As infecções
oportunistas podem
ser causadas por bactérias, vírus, fungos eparasitas que
normalmente seriam controlados pelo sistema
imunológico.52 Cada
infecção ocorre, em parte, em relação aos organismos que são
comuns no ambiente que a pessoa vive.45 Estas
doenças podem afetar quase todos os órgãos doorganismo.53
As
pessoas com AIDS têm um risco maior de desenvolver vários tipos
de câncer,
como sarcoma
de Kaposi, linfoma
de Burkitt,
linfoma do sistema nervoso central primário e câncer
cervical.46 O
sarcoma de Kaposi é o tipo de câncer mais comum e ocorre entre 10%
a 20% das pessoas com HIV. O segundo tipo de câncer mais comum é
o linfoma,
que é a causa da morte de quase 16% das pessoas com AIDS e é o
sinal inicial de AIDS em 3% a 4% delas. Esses tipos de câncer estão
associados com o herpesvírus humano 8. O câncer cervical ocorre com
mais frequência em pacientes com AIDS devido à sua associação com
o vírus
do papiloma humano (HPV).12
Além
disso, as pessoas com AIDS frequentemente têm sintomas sistêmicos,
como febre prolongada, suores (especialmente à noite), inchaço dos
gânglios linfáticos, calafrios, fraqueza e perda de
peso.54 A diarreia é
um sintoma comum presente em cerca de 90% das pessoas com
AIDS.55 Pacientes
com AIDS também podem ser afetados por diversos sintomas
psiquiátricos e neurológicos independentes de infecções
oportunistas e cânceres.56
Transmissão
Estimativa de aquisição do HIV por método de contágio57
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